Memorándum de Brasil sobre vuelos secretos Bolivia-Venezuela

azevedo-chavezDesde Buenos Aires, el periodista Carlos Valverde reveló días atrás la existencia de un memorándum del Ministerio de Defensa del Brasil sobre vuelos militares secretos entre Bolivia y Venezuela, que habrían utilizado el espacio aéreo brasileño.Según Valverde, esto corroboraría las denuncias hechas previamente por el coronel boliviano Germán Cardona.Publicamos ahora en su integridad el memorándum, elaborado por el Departamento de Inteligencia Estratégica (DIE) del Brasil tras la visita a Caracas del Ministro de Defensa de ese país, Nelson Azevedo Jobim, realizada del 13 al 14 de abril de 2008 (en la foto, se ve al funcionario reunido con el presidente Hugo Chávez+).El documento en portugués señala que el objeto principal de la visita era la conformación del Consejo Sudamericano de Defensa (CSD) como “paso intermedio para la creación de una Fuerza Militar según el modelo de la OTAN, como instrumento para afrontar los desafíos del Imperio americano”.confidencialUno de los puntos principales abordados en las conversaciones bilaterales fue la utilización del espacio aéreo, mencionándose varios incidentes del 2007 en los que Venezuela habría incursionado de manera irregular en Brasil.También se habla sobre el transporte de tropas venezolanas hacia Bolivia a bordo de aviones C-130 en el 2008, de la presencia en territorio boliviano de “cubanos con interés operacional” y sobre las relaciones entre las FARC y Venezuela.El ministro Azevedo Jobim planteó la propuesta brasileña para la firma de un acuerdo, que incluiría un “corredor específico” para el uso del espacio aéreo de su país por aeronaves venezolanas.Como dato anecdótico, el informe de la inteligencia militar brasileña dice que Hugo Chávez “parece dominar la psicología de masas, de la que fue maestro Adolfo Hitler”.eju.tv

MINISTÉRIO DA DEFESA

SECRETARIA DE POLÍTICA, ESTRATÉGIA E ASSUNTOS INTERNACIONAIS (SPEAI)DEPARTAMENTO DE INTELIGÊNCIA ESTRATÉGICA (DIE)

RELATÓRIO Nº 002 – DI/DIE/SPEAI – MD

ASSUNTO: Visita do Ministro de Estado da Defesa à República Bolivariana da Venezuela.FINALIDADE: a. Informar, ao Sr. Diretor do Departamento de Inteligência Estratégica (DIE) e ao Sr. Secretário de Política, Estratégia e Assuntos Internacionais do Ministério da Defesa (SPEAI / MD), o desenvolvimento da programação, as observações colhidas e os conhecimentos obtidos na visita à República Bolivariana da Venezuela.



  1. Listar dificuldades encontradas;
  2. Apresentar sugestões para a preparação e o acompanhamento de viagens futuras; e
  3. Registrar os acordos feitos durante a visita, a fim de dar continuidade a tudo o que foi acordado, verbalmente ou por escrito, com as autoridades locais.

confidencial2REFERÊNCIA: a. Instrução Normativa Nº 001 / DAI / SPEAI – MD, de 17 Jan 08, que Dispõe sobre a Regulamentação da Função de Gestor Internacional, a Ser exercida por Oficial Superior da Ativa ou da Reserva Remunerada das Forças Armadas ou Servidor Civil Assemelhado, do Efetivo da SPEAI;

  1. Regimento Interno do Ministério da Defesa;
  2. Port Nº 599 / MD, de 09 de abril de 2008;
  3. Diretrizes do Gabinete do Ministro da Defesa (Gab Min Def).
  1. INTRODUÇÃO

A visita do Ministro da Defesa (Min Def) teve por finalidade divulgar a proposta brasileira do Conselho Sul-Americano de Defesa (CSD) nos países do Arco Amazônico, iniciando pela Venezuela. Para a execução, houve uma série de eventos em seqüência, que serão listados a seguir.A preparação para a viagem comportou:- Trabalho como Analista, no que se refere à confecção do Sumário Executivo do País em tela;- Atuação como Gestor Internacional da Venezuela, no estudo das negociações bilaterais em curso ou planejadas;- Apoio como ecônomo ao trabalho do Adido de Defesa (ADIDEF), em razão de não ter ido precursor do Gabinete do Ministro da Defesa (Gab Min Def); e- Por fim, acompanhamento das atividades como secretário de atas.Todo esse quadro resultou na aquisição de diversos conhecimentos a respeito do ambiente, das negociações bilaterais e da cultura organizacional da Venezuela.

  1. CONDIÇÕES DE EXECUÇÃO
  1. Data e local

– De 13 a 14 de abril de 2008, em Caracas, na Venezuela.

  1. Comitiva

1) Do Ministério da Defesa (MD)

NOME E FUNÇÃO TELEFONE Obs
01 NELSON AZEVEDO JOBIM, Ministro da Defesa (Min Def) 1
02 MURILO MARQUEZ BARBOSA, Chefe de Gabinete do MD (61)8119-2139 2
03 Tenente-Brigadeiro do Ar GILBERTO ANTONIO SABOYA BURNIER, Secretário de Política, Estratégia e Assuntos Internacionais (SPEAI) do MD 2
04 JOSÉ RAMOS FILHO, Assessor de Imprensa do MD (61)9979-5757 2
05 TC Cav VALTIR DE SOUSA, Gestor Internacional (61)9965-3517 2, 3, 7
06 Maj Art ALEXANDRE CARLOS MAGNUS DE LARA, Ajudante de Ordens do Ministro da Defesa (Aj O Min Def) (61)9968-0142(61)8189-2138 2
07 2S SAD PAULO RENATO FLORES, do Gab Min Def 2

2) Convidados

NOME E FUNÇÃO TELEFONE Obs
01 Gen Ex ENZO MARTINS PERI, Comandante do Exército 1, 4
02 Gen Ex AUGUSTO HELENO RIBEIRO PEREIRA, Comandante Militar da Amazônia 1
03 MARCUS VINÍCIUS PINTA GAMA, Assessor do Secretário-Geral do Ministério das Relações Exteriores (MRE) 2, 3, 5
04 JULIO GARCÍA MONTOYA, Emb da Venezuela no Brasil 6
05 Cel Cav ELMAR DE AZEVEDO BURITY, Assistente do Comandante Militar da Amazônia (61)9966-8182 2
06 Maj Av LÉLIO WALTER PINHEIRO DA SILVA JUNIOR, da SC3 / EMAER (61)8162-8938 2, 3
07 Cap Inf BRUNO FETT MAGALHÃES, Assistente do Comandante do Exército (61)8116-8961 2, 4

 3) Participantes residentes em Caracas

NOME E FUNÇÃO TELEFONES
01 ANTÔNIO JOSÉ FERREIRA SIMÕES, Embaixador Brasileiro na Venezuela 58 212 261 5505
02 Cel Eng JOSÉ LUIZ DE PAIVA, Adido de Defesa e do Exército (ADIDEF / ADIEX) na Venezuela Trab: 58 212 261 0385Cel: 58 416 608 1450
03 CMG SÉRGIO ALFREDO DE PAULA PINTO, Adido Naval (ADINAV) na Venezuela Trab: 58 212 261 0513Cel: 58 416 626 0605
04 Cel AV ROVERSON WILLIAM MILKER FIGUEIREDO, Adido Aeronáutico (ADIAER) na Venezuela Trab: 58 212 261 1537Cel: 58 416 637 2771

Obs 1: ficou hospedado na casa do Embaixador brasileiro em Caracas.Obs 2: ficou hospedado no Hotel Gran Meliá Caracas.Obs 3: deslocou-se antes, por vôo comercial.Obs 4: não retornou ao Brasil com a comitiva do MD. Seguiu de Caracas para a Bolívia.Obs 5: incorporou-se à comitiva para o retorno.Obs 6: hospedou-se por conta própria, noutro local e permaneceu em Caracas.Obs 7: permaneceu em Caracas, retornando em 16 Abr 08.

  1. ASSUNTOS DE DESTAQUE DAS NEGOCIAÇÕES BILATERAIS

Dentre as várias negociações bilaterais existentes, no âmbito das Forças e de Defesa, foram selecionados as mais relevantes, a fim de serem aprofundados, que se seguem:

  1. Intercâmbios de cursos

A respeito do tema, foram consultadas as planilhas enviadas pelo Comando das 03 (três) Forças. Foram visitadas a Assessoria 3 do Gabinete do Comandante do Exército (A3 Gab Cmt Ex) e as 1ª e 5ª Subchefias do Estado-Maior do Exército ( 1ª e 5ª SCh EME). Foram, ainda, feitas ligações telefônicas ou consulta por e-mail aos mais importantes Estabelecimentos de Ensino (EE) militares do Brasil, como a Escola Superior de Guerra (ESG), Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) e Escola de Instrução Especializada (EsIE), que são as que mais recebem alunos venezuelanos, dentre outras, conforme as informações recebidas.Verificou-se que, no ano de 2007, a Venezuela pediu 24 (vinte e quatro) cursos diversos para Oficiais (Of) e 01 (um) para sargento (Sgt), para o Comando do Exército. Foram concedidos 14 (quatorze) para Of e 00 (zero) para Sgt (o solicitado não funcionou em 2007 e nem em 2008). A Venezuela cancelou 09 (nove) dos cursos concedidos para Of. Em 2008, foram solicitados 28 (vinte e oito) cursos para Of e 03 (três) para Sgt. Foram concedidos 16 (dezesseis) cursos para Of e 00 (zero) para Sgt. Até o presente momento não houve cancelamentos.O Cel Cav ANDRÉ TIAGO SALGADO CHRISPIM, brasileiro, contactado por telefone antes e pessoalmente por ocasião da visita, faz Mestrado em Segurança, Defesa e Integração (até julho de 2008) no Instituto de Altos Estudos de Defesa Nacional (IAEDEN), em Caracas. É o único militar estrangeiro na escola e lhe dispensam tratamento bastante camarada. Até fotos em Sukhoi já lhe permitiram tirar. Somente em duas ocasiões foi tirado da sala de aula, desde o início de seu curso. Uma vez, por cortesia, já que tratariam de assuntos internos, como expressou, para “lavar roupa suja”. Outra vez, quando da crise Equador – Colômbia, para que tratassem de provável mobilização, que não ocorreu, conforme os acontecimentos demonstraram, em seqüência.Ele afirmou que os venezuelanos não são herméticos, que o problema da burocracia militar é a desorganização e a constante mudança nos quadros, que provoca improvisação. Tais fatores fazem com que os prazos não sejam cumpridos nem que as memórias de ações em curso sejam passadas para substitutos, nas funções que demandam relações bilaterais.

  1. Propaganda sugerida para a expansão da Indústria de Defesa brasileira

Ainda em dezembro de 2007, o Gestor contatou o Brig R1 ADALBERTO, vendedor da Indústria de Material Bélico (IMBEL), que tem representante para vendas em Caracas, a fim de conhecer como são o relacionamento e os negócios com a Venezuela. Após esses esclarecimentos, o Brig sugeriu que se doassem 02 (duas) pistolas personalizadas, com nomes gravados, para autoridades venezuelanas, a fim de fazer propaganda do produto nacional, visando a vender também munições, além de armas de porte que a indústria já exporta.Inicialmente, foram propostos por ele os nomes do Presidente (PR) HUGO CHÁVEZ e do Ministro da Defesa GUSTAVO REYES RANGEL BRICEÑO. A idéia foi levada em seguida ao Maj Brig Ar JORGE CRUZ DE SOUZA E MELLO, então Diretor do Departamento de Assuntos Internacionais (DAI), que decidiu não dar a pistola ao PR, mas sim, acatando sugestão, ao Min Def venezuelano e ao General de Divisão GUSTAVO OCHOA MÉNDEZ, presidente da Compañia Anónima Venezolana de Industrias Militares (CAVIM), não pelo Min Def, mas por representante da Imbel, simultaneamente à visita.Quando o Gen Bda R1 ÁLVARO HENRIQUE VIANNA DE MORAES, Presidente da IMBEL, foi consultado a respeito do propósito de seu funcionário, afirmou não haver problema em cedê-las, apesar de necessitar de, ao menos 15 (quinze) dias para prepará-las.Porém, afirmou que preferia que a entrega fosse feita pelo Min Def, em razão de não ter como bancar a ida do representante à Venezuela, por questões conjunturais de ordem financeira e, também, pela maior visibilidade que teria a entrega pelo Min Def.Ocorre na Venezuela uma disputa por espaço, que vem sendo perdido para a indústria italiana Beretta. Esta fábrica tem convidado seguidamente executivos da CAVIM para ir à Itália, sendo que o mesmo não ocorre em relação ao Brasil, segundo o Brig ADALBERTO, que não faz esse tipo de convite, pelas mesmas razões conjunturais.A IMBEL entregou lotes de um contrato de 5.000 (cinco mil) Pistolas Pst 9 mm GC MD1, bifilar, 17 + 1 no carregador. Espera, ainda, novos contratos e pretende vender munições 60mm, 81mm, 90mm, 105mm, 120mm e 155 mm, dentre outros produtos de defesa disponíveis. Esses presentes podem catalisar novas vendas no entender do Brigadeiro.

  1. Utilização do espaço aéreo na área de fronteira

Em 31 Out 07, foi produzido pelo DIE o Memorando Nº 219 / DIE / SPEAI, que trata de Subsídios sobre Vôos Ilegais na Região Amazônica, a respeito de sobrevôos na área de Surucucu – Xitei, visando a responder Requerimento de Informação nº 1.001 / 2007, do Deputado MARCELO SERAFIM.Para tal, foi verificado o Relatório Confidencial do VII Comando Aéreo Regional (VII COMAR), de Manaus-AM, no qual se confirma que não houve invasão de espaço aéreo, conforme sugeriu a mídia brasileira. Esse relatório sugere que seja estudada a possibilidade de elaboração de um acordo de cooperação que contemple tais sobrevôos.Conforme Of Nº 29 VCHGC/C-1898, de 21 Dez 07, que trata de “Violação do Espaço Aéreo Brasileiro”, o Gabinete do Comandante da Aeronáutica (COMAER) informou que estava fazendo gestões, por intermédio do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DCEA), com vistas à celebração de acordo com a Venezuela, para facilitar e, eventualmente, regularizar o tráfego aéreo na região.Para redigir esse acordo, foi designado o Maj Av LÉLIO WALTER PINHEIRO DA SILVA JUNIOR, da 3ª Subchefia de Operações do Estado-Maior da aeronáutica (SC3 / EMAER) para se deslocar a Caracas, acompanhando o Gestor, a fim de coordenar as ações visando à assinatura do documento durante a visita.

  1. PREPARATIVOS, ANTES DA VIAGEM

Revestiu-se de singular importância a reunião preparatória com o CMG JÚLIO SEIXAS FABIANO SOARES, Assessor do Chefe de Gabinete do Min Def, que repassou as orientações iniciais necessárias à coordenação, bem como impresso no qual constava check list para as providências a serem tomadas pelo ADIDEF, que mostrou ser útil aos trabalhos.A portaria autorizando o deslocamento do Gestor só foi assinada na véspera da viagem que, por determinação do SPEAI, tem que ser feita dois dias antes da chegada do Min Def. Seria conveniente que fosse assinada com margem maior de tempo, a fim de se tomar providências administrativas, como a compra de passagens, a apanha de telefone funcional e de diárias e a confecção de passaporte de serviço, se for o caso. A boa vontade e o profissionalismo de diversos militares e civis que prestam esse apoio compensam as dificuldades geradas pelo curto prazo.No que concerne à preparação de trajes e uniformes a conduzir, deve-se levar, pelo menos, 01 (um) costume (paletó e calça), o 3ºA e o 3º D1 para militares do Exército.Foi padronizado antes com o ADIDEF o uso do quepe no 3ºA. Porém, o Gab Cmt Ex tem Normas Gerais de Ação (NGA) próprias, de só utilizar boina com o 3ºA fora do Brasil. É conveniente que os militares do Exército padronizem, quando da presença do Gen Ex ENZO na comitiva, esse uniforme. As demais forças devem manter o traje correspondente.Deve-se costurar o “Brasil” na manga direita dos uniformes.Prever comunicação ao ADIDEF das determinações do Gab Min Def, do SPEAI e do DAI.Informar à Aditância de Defesa o número de vôo da chegada do Gestor, o plano de vôo da comitiva do Min Def, o número do telefone funcional a ser usado no País de destino pelo pessoal da comitiva e outras informações necessárias para a coordenação.É conveniente a condução de brindes institucionais para presentear o pessoal de apoio no País de destino.

  1. RECOMENDAÇÕES REPASSADAS COM ANTECEDÊNCIA AO ADIDEF
  1. De caráter geral

1) A agenda dos venezuelanos, ou os temas que desejam tratar com o Min Def, devem ser buscados o mais rápido possível.2) Prever a contratação de um intérprete para toda a visita.3) Providenciar a cobertura fotográfica dos eventos relacionados à visita.4) Verificar o valor da diária do quarto duplo do Hotel Gran Meliá Caracas.5) O ADIDEF deverá prever a necessidade de suprimento de fundos e solicitar ao Departamento de Assuntos Internacionais (DAI) do MD o reembolso.6) O uniforme para o dia 14 Abr 08 é o 3º A com quepe para os militares do Exército e o equivalente para as outras Forças Armadas (FA).

  1. Por ocasião da chegada ao aeroporto de Maiquetía

1) É recomendável que o Embaixador e os Adidos recepcionem o Min Def.2) Todos os brasileiros, principalmente os militares, devem cumprimentar ou apresentar-se primeiro ao Min Def, depois aos Oficiais Generais, como prevê o protocolo.3) Na chegada ao aeroporto de Maiquetía, deve ser prevista uma pessoa para recolher os passaportes da comitiva e agilizar as assinaturas e carimbos necessários na Imigração.4) Deverão receber telefones locais: Min Def, Ch Gab Min Def, Aj O Min Def, Gen Ex ENZO, Gen Ex HELENO, Ten Brig do Ar BOURNIER e Sgt RENATO. Os telefones devem ter memento que explique, no mínimo, como fazer ligação local, como fazer ligações para o Brasil, lista de contatos e outras informações julgadas convenientes. Os ajudantes de ordens deverão receber os aparelhos dos Oficiais Generais e do Min Def.

  1. Relativas aos deslocamentos

1) É conveniente que o ADIDEF esteja no mesmo carro que o Min Def e o Comandante do Exército, para falar da seqüência das atividades e sanar as dúvidas mais imediatas.2) Não há problemas de prever van para os deslocamentos do Min Def.3) Prever uma van, com motorista e um telefone local, para o Sargento auxiliar.4) Deve ser previsto um memento com a numeração do comboio e a identificação das viaturas, principalmente a destinada ao Min Def.5) Um bom plano de embarque é o recomendável para o sucesso do apoio à missão.6) Deve ser disponibilizada água mineral em garrafas pequenas e guardanapos nos locais onde o Min Def estará. Não há necessidade de copos.7) Deve ser preparada tabela com os tempos previstos para deslocamentos, a serem informados ao Min Def com antecedência.

  1. Relativas ao Cerimonial

1) Informar os eventos nos quais haverá honras militares e orientar, em poucas palavras, os procedimentos a serem adotados pelo Min Def, nessas ocasiões.2) Informar com antecedência se haverá coletiva de Imprensa.3) Serão agraciados com brindes institucionais pelo Min Def: o Presidente venezuelano, o Ministro da Defesa venezuelano e o Embaixador brasileiro na Venezuela.4) Possivelmente, será assinado um “Memorando de Entendimento sobre Utilização de Espaço Aéreo na Fronteira Comum”, no Palácio Miraflores. A Carta de Plenos Poderes será conduzida pelo Aj O Min Def.5) O Min Def não recomenda a mudança de programação.

  1. Acerca da segurança da comitiva

– Ficará a cargo da Força Armada Nacional (FAN) venezuelana.

  1. No que respeita às refeições e ao jantar na Casa do Embaixador, caso haja

1) Não haverá jantar na casa do embaixador, em 14 Abr 08, confirmado na véspera.2) Para as refeições a serem oferecidas à comitiva, devem ser restritos condimentos como molho inglês, shoyu e mostarda, ou os que contenham monossódio, glutamato e tartarina.3) A melhor opção de prato a ser oferecido ao Min Def é carne vermelha.4) O café do Min Def deve ser servido sem açúcar e sem leite.5) Antes de café da manhã ou jantar na casa do Embaixador brasileiro, caso ocorra, checar se a esposa estará presente na recepção oferecida. Caso a resposta seja afirmativa, o ADIDEF deverá enviar-lhe flores, em nome do Min Def, com os dizeres: “Com os cumprimentos do Ministro da Defesa. Nelson A. Jobim”.6) Prever as refeições para a comitiva, na embaixada e no Palácio Miraflores, para os motoristas e para o pessoal de apoio, que permanece no hotel ou se desloca à parte, como é o caso do Sgt RENATO, responsável pela bagagem.7) O Min Def deve ser informado qual a mesa em que se sentará, ao chegar a qualquer evento.8) O mesmo procedimento deve ser adotado em relação aos sanitários que pode utilizar.

  1. Relativas ao retorno

1) Igualmente ao solicitado na chegada, deve ser prevista a agilização da Imigração, a fim de se evitar perda de tempo desnecessária.2) Providenciar jantar a bordo para a comitiva no avião, no retorno.

  1. DESENVOLVIMENTO DA AGENDA DO Min Def NA VENEZUELA
  1. Chegada dos brasileiros no aeroporto de Maiquetía

A comitiva foi recebida no Salão VIP do aeroporto pelo Ministro da Defesa, pelo Comandante do Exército e por diversos outros Oficiais Generais venezuelanos, com um grande aparato de apoio, incluindo batedores, viaturas de segurança, carros luxuosos individuais para todas as autoridades brasileiras e caminhonetes de luxo para o restante do pessoal e viatura tipo VAN para as bagagens.

  1. Reunião com os Adidos na casa do Embaixador, em 14 Abr 08, às 09:00 horas

Teve por finalidade permitir que os Adidos e o Embaixador apresentassem brevemente suas visões da situação do País e das dificuldades encontradas em suas áreas de atuação.Das dificuldades relatadas, foram ressaltadas as características venezuelanas relacionadas à falta de organização e de planejamento e a despreocupação em cumprir compromissos, observada tanto no meio militar quanto no meio civil venezuelanos. Os Adidos também enfatizaram a inexistência de visitas programadas a organizações militares e a dificuldade de acesso a qualquer instalação militar do País.O Ministro JOBIM esclareceu que o motivo primeiro da visita era a criação do Conselho Sul-Americano de Defesa (CSD). Afirmou que era conhecedor das dificuldades apontadas, mas que o objetivo geral do governo brasileiro era o de incrementar o relacionamento com a VENEZUELA em todos os setores, inclusive com a ampliação dos intercâmbios, cursos, operações e demais atividades militares, no que tange à área da Defesa.Participantes: Min Def, Cmt Ex, Cmt CMA, SPEAI, Embaixador, Ch Gab Min Def, ADIDEF/ADIEX, ADIAER, ADINAV, Gestor Internacional e Secretário IBRAHIM, da Embaixada brasileira em Caracas.Foi aberta às 09:10 horas, quando o Min Def expôs os objetivos da visita e solicitou as impressões acerca do país aos brasileiros residentes. Seu extrato segue-se:- Cel Eng PAIVA, ADIDEF: abordou a Crise Diplomática Colômbia – Equador – Venezuela, citando várias vezes a mídia local, falou do pouco tempo que tem na função, que não pôde aprofundar as relações com a FAN, que não lhe permite o acesso a dados, possivelmente por imitarem um modus operandi cubano de restrições; que parece não quererem mostrar suas deficiências, que são cavalheiros para receber, não dizem não, que observa camaradagem entre superiores e subordinados. No aspecto pessoal, explanou sobre a dificuldade de conseguir gêneros básicos ou de primeira necessidade, que o desabastecimento é comum, que essa situação é sazonal, que esperava um quadro pior que o encontrado, que a cultura dos venezuelanos é similar à nossa e que sua família está adaptada. A respeito do seu relacionamento com a FAN, citou viagem recente que fez com outros adidos estrangeiros, promovida pelo MD venezuelano, com possibilidade de se repetir, o que é bom para os Adidos, pois lhes possibilita conhecerem o País. Informou que visitou fábrica que processa alumínio e uma hidrelétrica e que a possibilidade de conhecer o País por meio do MD deles aumenta a percepção dos Adidos sobre seu objeto de estudo.- CMG PAULA PINTO, ADINAV: citou que não consegue acesso às instalações militares venezuelanas, testemunhou as dificuldades dos venezuelanos para conduzir eventos, de sua dificuldade de conseguir respostas, mesmo insistindo, que invariavelmente não as recebe. Sobre a capacidade militar bolivariana, afirmou que eles pouco têm, que seu navio-escola está parado desde 2002 para manutenção; que, no Brasil, a mesma atividade demora um ano; que a manutenção de fragatas e submarinos está parada, que o material é alemão, que negociaram a manutenção com o Brasil, que anunciaram a fabricação de mísseis e torpedos, mas que não têm como produzi-los, que o relacionamento com a Armada Bolivariana (ARB) é ótimo, mas que a resposta aos pedidos não chega, mesmo depois de reiterados.- Cel Av MILKER, ADIAER: citou que, na sua ótica, o venezuelano queria ser brasileiro, que a identificação entre os povos é muito grande, que os venezuelanos são pouco adeptos do planejamento, mas que o “jeitinho venezuelano” funciona mais que o “jeitinho brasileiro”, que as mudanças ocorrem sempre de última hora na agenda. A respeito do Material de Emprego Militar (MEM) de Aviação venezuelana, afirmou que a disponibilidade é baixíssima; muito pequena; que os aviões da Venezuela não têm condições de voar simultaneamente, que dos 29 (vinte e nove) tucanos, 03 (três) caíram e que só 25 (vinte e cinco) voam hoje. A respeito da formação de pilotos, atestou que o Cadete faz 06 (seis) vôos em aeronave de pequeno porte e só depois de 02 (dois) ou 03 (três) anos voa o Tucano. Afirmou, ainda, que pretendem trocar Mirage F16 e F5 por Sukhoi e que, destes, já chegaram 16 (dezesseis), apesar de ter ouvido que são 20 (vinte), que essas aeronaves voam LISAS, isto é, sem armamento e que não sabe qual armamento foi adquirido para elas.- Emb SIMÕES: interveio, agradeceu a presença da comitiva, afirmou que a integração com os adidos é o seu regime de trabalho, que todos repassam as informações que colhem, lembrou que a Venezuela é governada por um líder eleito democraticamente, mas que a componente militar no País é grande, que eles (venezuelanos) não mostram os MEM porque não têm o que mostrar, que não recebem visitantes porque não estão em condições de (ECD) receber; que um outro aspecto importante acerca do interesse na parceria estratégica com o Brasil é que uma aproximação da área militar está por ser construída, que eles pedem uma pauta, o que o Brasil quer; que, a partir do momento que possamos fazê-lo, isso facilitaria as coisas. Informou que o SEBRAE visitará a Venezuela em breve, trazendo valores como a Democracia, que o desafio da equipe brasileira que vem é ver a conjuntura sem preconceito, pois às vezes o Presidente (PR) é mal interpretado, que falou aqui uma vez que “queria 10 (dez) batalhões se movendo”, mas a imprensa brasileira repercutiu que “queria invadir com 10 (dez) batalhões”; que o que há é muita retórica. Afirmou que a visita do Min Def tem tido ótima acolhida, que sentiu pela preparação, ao ser recebido pelo PR e pelo Vice-Presidente (VPR); vice que tem delegação de competência do PR para tratar de todos os assuntos em seu nome, e que, ainda, a presença do Ministro BRICEÑO, da Defesa, no aeroporto, na recepção, é um indício altamente favorável a um bom resultado nas negociações; que a Venezuela é o 2º maior superávit da balança comercial com o Brasil, o que redunda em empregos; que é interessante manter essa situação; que, em breve, a EMBRAPA também estará aqui, que as sementes e suplementos virão do Brasil e, em conseqüência, vender-lhes-emos produtos de alto valor agregado, que ocorrerá vinculação ao sistema produtivo brasileiro, que a relação do Brasil com a Venezuela é diferente, por exemplo, da relação com o Japão, que compra commodities e vende produtos de alto valor agregado, que se propõe na Venezuela um modelo integrado de trabalho.- Gen Ex ENZO: atestou que existe uma aproximação histórica muito grande entre brasileiros e venezuelanos, que a maior quantidade de alunos estrangeiros formados pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) é da Venezuela; que as relações entre as organizações militares (OM) fronteiriças dos dois países, próximas a Roraima, como os Batalhões de Engenharia de Construção (BEC), é muito cordial; que, no ano passado, acatou pedido de aumentar mais 07 (sete) cursos na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO) para venezuelanos e explanou sobre problemas de taxação a militares brasileiros e citou a cassação do carnê diplomático, a partir do ano passado, causando transtornos a militares e seus familiares.Ten Brig Ar BOURNIER, SPEAI: citou que, no Brasil, os alunos de escolas militares não têm tratamento assim, muito pelo contrário.- Gen Ex HELENO, Cmt CMA: perguntou se os adidos sabiam de C-130 transportando tropa para a Bolívia.- ADIAER: disse que, em razão de a base principal de onde partem ser em Maracay, não é possível acompanhar.- Cmt CMA: afirmou que as aeronaves voam no limite para levar tropa até a Bolívia.- Emb SIMÕES: interveio e afirmou que o apoio venezuelano à Bolívia está cada vez mais precário, em razão da conjuntura do separatismo, que a aproximação com o Presidente Chávez desqualifica o Presidente Evo Morales; que uma denúncia brasileira de presença de tropas venezuelanas na Bolívia pode piorar a situação.- Cmt CMA: afirmou que não há presença só de venezuelanos na Bolívia, mas de cubanos também, com interesse operacional. Perguntou como foi o apoio às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) pela Venezuela.- ADIDEF: afirmou que o Comandante do Exército venezuelano não vê com bons olhos a aproximação da FAN com as FARC, mas que o Ministro BRICEÑO, da Defesa, é alinhado com o PR Chávez e suas idéias, como sai nos jornais; que há, ainda, influência de religião nos quartéis, pois o Ministro da Defesa é evangélico e a tropa é católica.- Cmt CMA: perguntou se os Adidos sabiam da presença de Manuel Marulanda, o “Tirofijo”, o líder das FARC, na Venezuela.- Embaixador SIMÕES: disse que existe muita fantasia em torno do que há nos computadores apreendidos pela Colômbia, que há muita preocupação com a preservação do conteúdo do material. Afirmou que os franceses tinham contato com as FARC, que Raúl Reyes não matava ninguém, só era o negociador; que o PR Chávez procurou desvincular-se de Reyes; que percebe uma campanha internacional para que se considere a vinculação, que o PR Chávez teme que se evoque a Resolução 1373 do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU); que uma fonte idônea, o jornalista brasileiro Fabiano contou que, na fronteira há uma grande confusão, principalmente devido à presença do Exército de Libertação Nacional (ELN), pelas extorsões e que acha que, hoje, o PR Chávez não esteja apoiando de qualquer forma as FARC.Cmt CMA: afirmou que há indícios de enfraquecimento das FARC, que estas estão armando até crianças de 12 (doze) anos, que a guerrilha está agonizando, que os EUA não vão golpeá-las.- Emb SIMÕES: afirmou que a sobrevivência das FARC interessa a todos, ao PR Bush, aos políticos americanos e colombianos, ao Exército da Colômbia, pois todos têm interesse em mantê-las para adquirir vantagens materiais.- Cmt CMA: disse que parlamentares têm medo das FARC, de ter nomes vinculados.- Min JOBIM: disse que existem desordem e voluntarismo na Venezuela, pois não há planejamento. O fato é que há desabastecimento local, decorrente do crescimento do consumo interno; e observa-se a freqüência a shopping de classe que antes não o freqüentava; que uma classe alta se beneficiou do petróleo e não criou uma classe média forte; que a intenção do PR Lula é aproximar, para não deixar o PR CHÁVEZ sozinho. Alertou que se deve evitar um discurso com execução diferente, que não há intenção de se criar uma Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na América do Sul; que o planejamento é aumentar a integração entre militares brasileiros e venezuelanos, fortalecendo a relação na fronteira comum, principalmente. Informou que, na conversa de hoje com os venezuelanos, procurará demonstrar que os Adidos fazem parte da estrutura do MD aqui, para facilitar as negociações, pois aqui a decisão é só de um. O foco da visita é uma mudança de intenção, não só para as atividades comerciais, como as da Oldebrecht, que tem 80% (oitenta por cento) de suas atividades internacionais na Venezuela e cujo presidente é amigo do Presidente CHÁVEZ; mas para a intenção é qualificar a ação dos Adidos como tendo função específica na execução de entendimentos na área militar, a fim de que se tenha uma presença mais forte e reconhecimento na Venezuela.- Embaixador SIMÕES: afirmou que o PR CHÁVEZ sabe que o seu discurso atualmente tem como conseqüência a criação de uma situação negativa, como nas ocasiões que apóia um candidato a cargo político; que tem uma preocupação enorme com o PR Uribe.- Min JOBIM: disse que ele tem medo do que está nos computadores.- SPEAI: afirmou que uma maneira de os Adidos conseguirem estreitar laços e alcançarem uma maior penetração junto aos órgãos públicos, é fazer como fazem a Inglaterra e a França. Quando qualquer autoridade deles vai a um País, é feita uma precursora no local. “Esta é uma tática que o 1º Mundo usa em relação à gente que pode ser imitada. Por exemplo, se o Ministro do Turismo francês vai a Salvador, a precursora vai antes e faz os contatos necessários, aproximando e coletando dados”. Acerca dos vôos venezuelanos, afirmou que eram de 18 (dezoito) a 20 (vinte) na América do Sul, que os Estados Unidos da América (EUA) são os grandes usuários, realizando 200 (duzentos) vôos. Durante a crise diplomática, a Venezuela fez 114 (cento e quatorze) e, após a crise, voltou a 20 (vinte). Informavam que transportavam veículos comerciais, porém, foi visto que transportavam viaturas blindadas para transporte de pessoal (VBTP) e outra viaturas militares.A seguir, houve discursos de agradecimento, troca de presentes e o Min Def deu por encerrada a reunião, às 10:55 horas (horário local).

  1. Cerimônia de aposição de coroa de flores no Panteão Nacional Simón Bolivar

A seguir, a comitiva deslocou-se para o “Panteón Nacional”, onde foi realizada uma cerimônia de aposição de coroa de flores no túmulo de “El Libertador SIMÓN BOLÍVAR”, efetuada pelo Ministro da Defesa e pelo Embaixador brasileiros.O evento contou com a presença do Ministro das Relações Exteriores e do Ministro da Defesa venezuelanos, de todos os comandantes dos componentes da Força Armada Nacional (FAN) e de diversos outros Oficiais-Generais venezuelanos.

  1. Reunião na casa do Vice-Presidente, no Fuerte Tiúna

Após a cerimônia no Panteón, a comitiva foi conduzida para a residência do Vice-Presidente da República (VPR), Coronel ENB (na reserva desde 1994) RAMÓN ALONZO CARRIZALEZ RENGIFO, onde foi realizada uma reunião com a comitiva venezuelana.Participaram do evento, pela Venezuela, além do VPR, o Ministro do Poder Popular para as Relações Exteriores, NICOLÁS MADURO; o Ministro do Poder Popular para a Defesa, General em Chefe (ENB) GUSTAVO REYES RANGEL BRICEÑO; o Gen Div CARLOS JOSÉ MATA FIGUEROA, Comandante do Exército da Venezuela; o Embaixador da Venezuela no Brasil, General JULIO GARCÍA MONTOYA, o Vice-Chanceler para a AMÉRICA LATINA, FRANCISCO JAVIER ARIAS CÁRDENAS, o Comandante da 5ª Divisão de Infantaria de Selva (Estado AMAZONAS), General de Brigada JOSÉ GREGORIO MONTILLA PANTOJA, um assessor do Ministro da Defesa, Capitão de Navio (CMG) SANCHEZ e outros 02 (dois) assessores civis do Ministério das Relações Exteriores.Participaram da atividade, pelo Brasil: Min Def, Cmt EB, Cmt CMA, SPEAI, Emb SIMÕES, Ch Gab Min Def, Min PINTA GAMA, ADIDEF/ADIEX, ADINAV, ADIAER, Gestor Internacional, Aj O Min Def, Maj Art ALEXANDRE CARLOS MAGNUS DE LARA; e Aj O Cmt EB, Cap Inf BRUNO FETT MAGALHÃES.A reunião transcorreu toda no idioma espanhol, cuja tradução do extrato está reproduzida abaixo:– VPR: deu as boas-vindas, em nome do Presidente Chávez, celebrando a visita por seu conteúdo, pela necessidade de os dois países caminharem juntos, para fazer face aos que depredaram outros continentes, como a África, e que têm os olhos postos na América do Sul, onde podem estar os conflitos do futuro. Expôs sua preocupação em relação às reservas de petróleo e de água, às reservas florestais e aos minerais estratégicos, motivo de conflitos futuros; riquezas que os dois países compartilham. Falou da necessidade de cobrar consciência, por estarem os países conjuntamente planejando o Conselho de Defesa e a defesa de recursos para ambos os países e para a Humanidade. Destacou a necessidade da união dos dois, que aplaude a visita do Min Def, que são bem-vindos assim como os venezuelanos são bem-vindos no Brasil, que há muitos aspectos que unem as duas repúblicas, que a estada seja produtiva para os dois povos e para todos os povos da América do Sul (AS).– Min JOBIM: apresentou a comitiva que o acompanhava, todos envolvidos na questão da Defesa do Brasil, nomeados pelo PR LULA, e explanou que este último falou com o Presidente Chávez, na Venezuela e no Brasil, e que o PR CHÁVEZ sabe qual é a intenção do Brasil. Lembrou que o Brasil tinha uma tradição de isolamento na AS. Mas, de alguns anos pra cá, há necessidade que todos se unam. A AS tem três grandes vertentes: a andina, a amazônica e a platina. O Brasil tem a amazônica e a platina; a Venezuela tem a andina e a amazônica. O PR LULA propôs que nós poderíamos ter um Conselho Sul-Americano de Defesa, uma identidade sul-americana, que hoje há contatos entre as Forças Armadas, mas não há nada institucional, nada entre os Governos, que é necessário que haja algo mais aprofundado, inserido na estrutura da União das Nações Sul-Americanas (UNASUL). Hoje, não há uma agenda sul-americana própria. É necessário que as agendas dos países se complementem, que persigam valores comuns que estão na Carta da ONU, que haja uma agenda permanente e que seus princípios sejam reforçados. Isso é um começo de um Conselho, que deve ser desenvolvido por meio de comissões, para definir uma agenda futura, medidas de fomento, capacidades, funções, confiança e segurança regional; tratar de um “Livro Branco de Defesa”, de intercâmbio de pessoal, a partir das regras do Conselho, resguardadas as idiossincrasias de cada País; intensificar as perspectivas de treinamentos conjuntos que possamos fazer, examinar riscos e ameaças e ações coordenadas, não só militares, mas também contra outras ameaças, como desastres naturais ou climáticos, como a situação que passa a Bolívia e a possibilidade de serem estabelecidas posições concertadas da AS na Junta Inter-Americana de Defesa (JID) e em outros organismos internacionais, num bloco com pensamento único. Nós não temos uma integração de pensamento, mas coordenação de posições em fóruns internacionais e creio que em Defesa, a AS tem uma dependência muito grande de insumos militares, que compramos muito de fora. Na AS, temos uma indústria que pretendemos estimular, como uma base da indústria bélica regional, a fim de estabelecer a indústria de Defesa, que vá concorrer para sair da dependência. Ao Brasil não interessa fazer negócios nos quais não haja transferência de tecnologia. Aqui há produtos que vêm de todos os lados, redundando na triplicação da Logística para a manutenção. Nosso objetivo é desenvolver a capacidade dos integrantes do Conselho. Propomos um arcabouço político-estratégico. Todos somos democracias, todos os países vivem processos democráticos. Há uma clara subordinação das Forças Armadas ao Poder Civil. Os militares podem até assessorar, dizer que não é possível, mas a decisão é do Poder Civil. O Plano estratégico refere-se à missão das Forças Armadas em conflitos internacionais, de se ter uma posição de consenso do continente no futuro. Queremos compartilhar posições. Se os focos de tensão, como outros conflitos, estão longe, qual seria nossa posição? O Conselho seria uma possibilidade de fazer face a esses conflitos. A proposta é um mecanismo da UNASUL ser transformado em Conselho Sul-Americano de Defesa (CSD) e um desenvolvimento disso com o tempo. Como diria o político brasileiro Ulisses Guimarães; “cada dia tem seus problemas, suas agonias”, uma coisa de cada vez. O PR Lula me autorizou a trazer essa proposta, que será levada, ainda, à Argentina, Chile, Equador e Bolívia, dentre outros países.– Min MADURO: saudou a comitiva, disse ser favorável a formar parte de uma missão que começa a surgir no Continente, que é chegado o momento para tal, que celebra essa perspectiva de acompanhar da melhor maneira, para acoplar experiências, que assim como ele, pensam os militares venezuelanos, todos com larga experiência, que os temas são conversados em diversas oportunidades no momento em que outra arquitetura de poder aparece no Continente, que, nos últimos 05 (cinco), 06 (seis), a América do Sul, a América Latina e o Caribe mudaram o que tinham antes, que o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) foi o início, o que depois permitiu chegar à UNASUL. Discorreu sobre o conflito provocado pelo bombardeio no Equador. Alertou que um dos princípios fundamentais de uma estrutura básica a ser aprovada pelo PR Chávez, de Poder no continente, é haver um peso político como bloco, uma influência dominante e uma capacidade de hegemonia política no continente, midiática, ideológica, cultural e militar, que permita atingir outros pólos políticos. Este debate, esta iniciativa é favorável, heterogênea, plural. Há posicionamento das lideranças, o que permite articular mecanismo para levá-la adiante, como atores nas modificações. Vemos claro como proceder. A Venezuela vive um momento de profunda modificação, inclusive das elites políticas, uma transformação da visão da Força Armada Nacional (FAN), mudança da doutrina, do que nos legou o Libertador Simón Bolivar, como garantir a soberania e a independência de nosso País. Estão ocorrendo campanhas muito intensas. Queremos compartilhar diálogo franco com os irmãos da América do Sul, que nos permita vencer a mídia contrária, pois descobrimos que fazemos algo e queremos que os homólogos façam o mesmo. O conceito de Força Armada está mudando de foco, está em sintonia com o planejamento apresentado, em função da atualidade do tema, de compartilhar programas de Operações de Paz, intercâmbio de pessoal e indústria militar que garanta a economia. Temos boa parte da reengenharia de manutenção ocorrendo. Há uma corrida armamentista, que foi barrada por um lado, porém buscamos outro lado. Temos muito que compartilhar, para integrar. É um tema muito, muito importante. A idéia do CSD é concreta, pois engloba democracia, estabilidade social e estabilidade com perspectiva própria de desenvolvimento, comparável com as melhores forças armadas do mundo.– VPR: disse que o PR CHÁVEZ mudou a diplomacia de nosso País. Que esse tipo de reunião não pare, que se localize no tempo e no espaço. Esta iniciativa, em princípio, está de acordo, para materializá-la, com o que pensa o PR CHÁVEZ.– Ministro CÁRDENAS: discorreu que já havia falado com o Ministro JOBIM antes. Essa proposta já existe há muitos anos para o PR CHÁVEZ. Agora, é o momento oportuno, pelo que passam a Venezuela e o próprio mundo. Vejo possibilidade real de concretização. Há orçamento para os dois países. Independente do peso de cada um em fóruns internacionais como a ONU, para que tenhamos presença no Conselho Permanente. Devem ser considerados também membros não-permanentes, para ampliar essa instância e participar com outros países do planeta. No concurso das conversações, que se ampliem as discussões para permitir um Conselho de países para tomada de decisões e posições em comum acordo.Todos os elementos trarão vantagens, para consolidação de uma realidade do CSD, que tomemos medidas para concretizar esse acordo. Agregou que todos tenham a mesma iniciativa e o reforcem, pois o consideramos necessário. O PR CHÁVEZ tem um conceito de integração. Tem conversado com países do Mercado Comum e Comunidade do Caribe (CARICOM) planejando relações diretas com seus integrantes, assim como está fazendo o México. Não queremos mudança na situação internacional. É imprescindível que concretizemos esse mecanismo.– Ministro BRICEÑO: afirmou que esta reunião, em especial, é um marco para os países sul-americanos. Antes, os temas militares eram tabu, assim como outras reuniões de Ministérios de Defesa. Hipocrisia era o tema. É importante que não se saquem cartas da manga. Estamos mudando a estrutura de planejamento. O Conselho cria indiretamente tradição de um conceito de segurança plural e bem-estar coletivo, para enfrentar oposição pela particularização. Uma coisa importante que Venezuela pensa: uma posição coletiva em rechaço a posição individual. Esta iniciativa permite seguir adiante. Segundo nossa Constituição, a Defesa não é só da ótica militar, porém mais amplos enfoques, como social, tecnológico, etc. Não sou favorável às “caixas pretas” que se mercantilizam. O Estado tem uma visão. Desenvolvimento dos povos por meio de uma indústria militar. O crescimento pode ser um problema, pois o CARICOM pode querer participar. Há um inimigo principal e é importante que assumamos uma definição de tarefas, na data de hoje. Creio que é importante sua presença aqui. Cremos ser importante reconhecermos quem são os inimigos que nos podem atacar. Vamos marcar uma pauta de negociações, nesse momento de calor revolucionário que se vê em nossa pátria, da gerência de Chávez e Lula para mudar nossa América, bandeira que já levantaram Bolivar, Abreu e Lima e outros, por nossa segurança.– Min JOBIM: expôs as formas pelas quais se pode desenvolver o Conselho, como fazer inicialmente, deu uma visão geral de como pode ser o princípio e depois a seqüência de planejamento. Explicou que teve reuniões nos EUA sobre o tema, com CONDOLEEZA RICE, entre outros executivos do Governo americano, que apresentou a proposta e quando perguntado de detalhes de sua formação, disse que o Conselho é uma posição sul-americana, que os EUA não vão participar dele, que não será multilateral; que sua criação e disposição são algo para que se possa fazer um consenso de posições, uma antecipação dos problemas, por meio de fomento, confiança, transparência, intercâmbio de pessoal, operações de paz e exercícios conjuntos. Citou o exemplo do uso de foguetes franceses pelos argentinos na Guerra das Malvinas, e a dificuldade de se liberarem códigos e que essa dependência não pode continuar; que há necessidade de vanguarda tecnológica para a capacitação da região, que o Brasil trabalha o tema de águas jurisdicionais; que essa preocupação deveria fazer parte das preocupações do Continente, que espera uma dinâmica para a formação do Conselho.A seguir, passou a palavra para seus acompanhantes.– Emb SIMÕES: discorreu sobre o momento importante Brasil-Venezuela, que a cada três meses reforça a demonstração de compromisso com essa relação; que um elemento desafiador e interessante aparece, pois há necessidade de organizar-se o Conselho; que pode-se aprender a organizar com os militares, pois a forma como se pode trabalhar a realidade política é muito clara. Agradeceu aos brasileiros presentes por ter podido estar ali e concluiu que “os diplomatas fazem nuvens, os senhores fazem chover”.– Gen ENZO: discorreu sobre sua disposição de aperfeiçoar os laços que já existem entre as Forças Armadas dos dois países. Lembrou que já há uma parceria construída e que, no futuro, pretende incrementá-la cada vez mais, pois há uma ligação muito forte entre os dois países e que é necessário prosseguir assim e aperfeiçoá-la.– Gen HELENO: lembrou que há problemas na Amazônia, que são comuns a Brasil e Venezuela, mais criminais que militares, que é imperativo deter os agentes criminosos que criam redes que ultrapassam as fronteiras, que seria bom que esse problema seja tema do Conselho.– Min JOBIM: destacou que há ações conjuntas para combater a criminalidade, que as fronteiras são instrumentos de Defesa, que ambos compartilham a Amazônia, que é objeto de amor e de ódio no mundo; que sua internacionalização é impensável, que é importante sair da dicotomia, de um lado, as Organizações Não-Governamentais (ONG), que pensam fazer da floresta um santuário e, do outro, os que querem aproveitar-se dela economicamente; que o desmatamento, por exemplo, é uma questão regional não-brasileira, daí a importância do Conselho; que se pode pensar numa coisa simples para o desenho inicial, um grupo de trabalho (GT), para que comece. Alertou que não há um líder nesse processo, que os dois países têm que trabalhar juntos, que o desenvolvimento do Conselho tem que ser rápido, a fim a acabar com a tentativa de isolamento dos países.A seguir, abriu um parêntesis e tratou da temática de “Utilização de Espaço Aéreo na Área de Fronteira Comum”. Citou que a oposição no Brasil cobra uma solução e que o PR Lula autorizou a utilização de um corredor aéreo, próximo a uma tribo ianomâmi. Disse que há problemas no Senado, que já foi àquela Casa tratar do assunto, mas seria conveniente coordenar tudo, o balizamento de uma rota, de um corredor aéreo, o que seria importante para sacar da agenda esse problema; e que a assinatura de um convênio resolveria isso.– Emb SIMÕES: explicou que já havia sido enviada uma proposta.– Ten Brig Ar BOURNIER: explanou que houve uma contrapartida da Venezuela, solicitando o mesmo.– Min JOBIM: disse que seria importante firmar Memorando de Entendimento nesta visita.– Ministro MADURO: disse crer que não haveria problema.– VPR: retornou ao tema do Conselho e sugeriu que seria conveniente, inicialmente, formar equipes de trabalho pequenas.– Min JOBIM: disse que quanto menores, melhor.– VPR: propôs como integrantes do GT o Vice-Chanceler CÁRDENAS e o Comandante do Exército Venezuelano, Gen Div MATA FIGUEROA.– Gen MATA FIGUEROA: sugeriu incluir os exércitos do Mercosul.– Min JOBIM: sugeriu que representassem o Brasil, pelo MRE, o Ministro PINTA GAMA e, pelo MD, o Gen ENZO.– VPR: manifestou que se outros países se interessarem, que sejam agregados.– Ministro MADURO: disse que na próxima reunião da UNASUL, poderiam ser compartilhadas propostas.– Ministro PINTA GAMA: sugeriu que a idéia inicial, para a reunião da UNASUL, fosse uma proposta bem curta para começar.– Min JOBIM: completou que deve ser curta para iniciar, longa depois, para a modelagem, em razão da capacidade e das decisões não-vinculadas.– Ministro MADURO: perguntou se seriam duas equipes paralelas.– VPR: respondeu que sim.Da reunião, podem ser destacados os seguintes aspectos:– O VPR iniciou a reunião elogiando a iniciativa da criação de um Sistema de Defesa Regional, que proporcionaria a defesa da soberania e dos recursos dos países da região contra a depredação do “Império”, uma reivindicação venezuelana desde os tempos de BOLIVAR;- O Min JOBIM abordou que o Presidente LULA, há quatro meses, propôs a criação do CSD, inserido na UNASUL, em função da inexistência de um organismo que efetivamente representasse os interesses da região. Estes seriam mais alguns passos na tentativa de reverter longa tradição de isolamento do BRASIL com relação à AMÉRICA DO SUL.- Ressaltou que o CSD seria um órgão consultivo, e não uma força militar, e que buscaria implementar o intercâmbio e a integração das Forças Armadas sul-americanas, assim como elaborar Políticas de Defesa de atuações comuns. Acrescentou que o Conselho poderia constituir-se em um promotor da Indústria de Defesa da AMÉRICA DO SUL, setor em que eram muito deficientes e dependentes, sendo impossível a qualquer dos países da região reverter sozinho este quadro.- O Chanceler NICOLÁS MADURO agregou que as palavras do Min JOBIM expressavam uma angústia, uma preocupação, só expressada na AMÉRICA DO SUL há dez ou vinte anos, e que nos últimos seis anos estavam observando iniciativas, como a UNASUL, que fogem ao controle e hegemonia do “Império”. Acrescentou que deviam levar em conta que essa tentativa de alterar as relações de poder na região geraria e iria continuar gerando uma reação significativa da nação dominadora, como a que hoje é observada contra o governo do Presidente CHÁVEZ.- O VPR retomou a palavra para afirmar que o “Comandante CHÁVEZ” concordava plenamente com a iniciativa brasileira e que, a princípio, concordava com a implementação do CSD.– O Vice-Chanceler para a AMÉRICA LATINA ARIAS CÁRDENAS afirmou que o CSD era uma idéia antiga do Presidente CHÁVEZ e que por isso mesmo ele certamente a apoiaria com empenho. Sugeriu a criação de um GT para conduzir o assunto e que o CSD seria constituído por membros permanentes e não permanentes.- O Ministro da Defesa venezuelano alertou para as dificuldades que o “Império” vinha infligindo à VENEZUELA e complementou afirmando que a visão de um só País não podia se impor na elaboração das Políticas. Complementou afirmando que o CSD podia contribuir para o desenvolvimento da nação, por intermédio de uma indústria de Defesa forte e independente tecnologicamente.- O Min JOBIM comentou que recentemente esteve nos EUA e que a Secretária de Estado CONDOLEEZZA RICE afirmou que aquele País gostaria de participar do CSD, ao que ele teria respondido, deixando claro que esse Conselho era só dos países da AMÉRICA DO SUL, quando muito da AMÉRICA LATINA, e que, portanto, não cabia tal pretensão. Complementou alertando sobre a necessidade da participação de todos os países da AMÉRICA DO SUL na elaboração do CSD, para que ele não viesse a ter um desenho brasileiro ou um desenho venezuelano, e sim um formato que representasse a conciliação da idéias da totalidade dos países que o integrariam.- Finalizando a participação brasileira, o Min Def abordou a proposta brasileira de Memorando de Entendimento para o sobrevôo de aeronaves militares venezuelanas sobre um corredor específico do espaço aéreo brasileiro, com disposição recíproca para as aeronaves militares brasileiras, situado entre a fronteira oeste do estado de RORAIMA, no BRASIL, e a fronteira leste do Estado AMAZONAS, da VENEZUELA, cujo objetivo seria solucionar com confiança e amizade o problema que ocorria na área.- O Chanceler NICOLAS MADURO agradeceu pela iniciativa e se comprometeu a envidar esforços para que a assinatura formal do documento pudesse ser feita na próxima visita do Presidente LULA à VENEZUELA. Referia-se à reunião dos Presidentes LULA e CHÁVEZ, de 27 a 28 de junho de 2008, em Santa Elena do Uairén, na Venezuela.– O VPR sugeriu que o Conselho fosse criado e formado um GT (um elemento do Exército e um diplomata de cada parte) e que começasse a trabalhar imediatamente, e não havendo mais o que abordar, deu a reunião por encerrada às 13:00h, convidando todos os presentes para um almoço, servido no salão contíguo. Logo após, houve troca de presentes.

  1. Audiência concedida pelo Presidente Chávez, em 14 Abr, às 18:00 horas

Após o almoço, a comitiva brasileira saiu do Fuerte Tiúna e retornou à casa do Embaixador, onde permaneceu aguardando o horário da audiência com o Presidente CHÁVEZ. Essa atividade estava marcada para ocorrer no Palacio Miraflores, inicialmente às 11:00h e depois postergada, sucessivamente, para 15:00h, 17:00h e, finalmente, para 18:00h.

No Palacio Miraflores, a audiência iniciou-se às 18:10h e prolongou-se até às 20:30h. Participaram do evento o Min Def, os 03 (três) Oficiais Generais (Cmt Ex, Cmt Mil Amazônia e SPEAI) e o Embaixador. Da parte dos venezuelanos, além do Presidente, participaram o Ministro das Relações Exteriores, o Ministro da Defesa, o Comandante do Exército Venezuelano e o Vice-Chanceler para a América Latina.Após a audiência reservada, o Min Def participou de uma coletiva com a imprensa, na qual abordou os mesmos assuntos tratados na reunião com o Vice-Presidente e comentou a cordialidade com que foi recebido e a feliz comunhão de idéias sobre o CSD entre os Presidentes CHÁVEZ e LULA.Imediatamente após a coletiva, foi iniciado o deslocamento para o salão VIP do Aeroporto Internacional “Simón Bolivar”, onde as mesmas autoridades que receberam a comitiva aguardavam para as despedidas, que transcorreram com novas trocas de amabilidades e com razoável brevidade.Havia um avião aguardando o Cmt Ex em Maiquetía, para conduzi-lo à Bolívia. Na aeronave, se encontrava o Analista do Centro de Inteligência do Exército (CIE), responsável pelo acompanhamento àquele País, que normalmente acompanha o Cmt Ex para assessorá-lo.O “Memorando de Entendimento para Utilização do Espaço Aéreo Comum” não foi assinado, conforme era a intenção. Porém, permaneceu o tempo todo da visita numa pasta conduzida por um secretário, assessor do Embaixador SIMÕES, para essa eventualidade.

  1. VISITA AO DIRETOR DE INTELIGÊNCIA ESTRATÉGICA DA VENEZUELA

Por iniciativa da Diretoria de Inteligência Estratégica do MD venezuelano e após comunicação ao Cel Cav THADEU DE OLIVEIRA BELLO, da 2º Subchefia do Estado-Maior de Defesa (SC2 / EMD / MD), foi aceito convite do General JOSÉ CRISTÓBAL FUENTES TORRES, Director General de Inteligencia Estratégica del Ministerio de la Defensa da Venezuela, para que o Gestor o visitasse no Fuerte Tiúna, em Caracas, em 15 de abril de 2008, acompanhado do ADIDEF.Este ainda não tivera oportunidade de visitar aquela chefia.Conforme contato pessoal realizado na SC2, às vésperas da viagem, foi recebida autorização do EMD, por intermédio do Cel Cav BELLO, para que o Gestor propusesse a retomada das bilaterais da seguinte forma:

  1. a) Venezuela como sede – 1º opção

– Prioridade do EMD, por ter sido realizada a última bilateral no Brasil, em 2001.

  1. b) Brasil como sede, menos em Brasília e no Rio de Janeiro – 2º opção

– Era a segunda opção do EMD, em razão de problemas de segurança no Rio e de outros eventos que ocorrem anualmente em Brasília.

  1. c) Brasil como sede, mesmo em Brasília ou no Rio de Janeiro – 3º opção

– Era a terceira opção do EMD em razão de necessidade de retomar o contato interrompido.Como a primeira opção já havia sido passada por telefone para a Analista de Inteligência FRANCIS VERÓNICA BARRERA GARCÍA, responsável pela Área BRASIL do MD da Venezuela, subordinada do General JOSÉ CRISTÓBAL FUENTES TORRES, foi fácil estabelecer o contato e expor os motivos, conforme diretriz da SC/2.Após a exposição, o Gen FUENTES concordou com a primeira opção, demonstrando prévia intenção de retomar o intercâmbio, não sendo necessário expor as outras opções.Concordou com a realização na Venezuela, e fez as seguintes solicitações:

  1. a) Que não fosse feita a bilateral no primeiro semestre de 2008, em razão de a França ter feito a mesma solicitação que o Brasil e já ter sido combinada a realização proximamente.
  2. b) Que a bilateral fosse realizada no segundo semestre de 2008, preferencialmente em outubro.
  3. c) Que fosse mandada a proposta de uma data tentativa.
  4. d) Inclusive disponibilizou seu próprio e-mail para o contato, que sugere-se seja feito pelo Brigadeiro ÚMILE, pelo nível hierárquico do interlocutor. O e-mail é [email protected].
  5. e) Que seja informada qual a composição da comitiva do Brasil.
  6. f) Que na comitiva brasileira haja componentes das três Forças do Brasil e, no caso venezuelano, das quatro Forças, que incluem a Guarda Nacional.

Concordou em remeter 06 (seis) temas para aprovação pelo Brasil e solicitou que fossem enviados 06 (seis) temas pela Venezuela, para que o outro País escolha 03 (três) temas.Entre os temas a serem remetidos, pediu para incluir o intercâmbio de cursos e Ensino, pois tem interesse em cursos na área de Inteligência, nos dois países. Outros temas sugeridos são: Inteligência, Operações, Logística, Comando e Controle e outros de interesse.O Gen FUENTES designou a licenciada VERÓNICA BARRERA como elemento de ligação com o MD do Brasil e recebeu a informação que o homólogo do Brasil seria o CF NÍLSON, da SC2, conforme sugeriu o Cel BELLO, na reunião antes da viagem.O Gestor havia solicitado anteriormente uma biografia do PR CHÁVEZ, como seu admirador [sic]. Durante a visita, foi presenteado com os seguintes volumes, que não são facilmente encontrados nas livrarias de Caracas, mas que são distribuídos a estudantes:

  1. a) CASTELLANOS, Rafael Ramón. Simón Bolivar: El hombre. 1. ed. Barcelona, España: Morales Torres Editores, 2006, 286 p.
  2. b) ELIZALDE, Rosa Miriam; BÁEZ, Luiz. Chávez nuestro. La Habana, Cuba: Casa Editora Abril, 2006, 414 p.
  3. c) MARCANO, Cristina; TYSZKA, Alberto Barrera. Hugo Chávez sin uniforme: uma historia personal. ed. Caracas, Venezuela: Editorial Melvin, 2006, 432 p.
  4. d) MAYA, Margarita López (Editora). Ideas para debatir el Socialismo del Siglo XXI. 1. ed. Caracas, Venezuela: Editorial Alfa, 2007, 158 p.
  5. e) RANGEL, Eleazar Días. Todo Chávez: de Sabaneta al Socialismo del Siglo XXI. 2. ed. Caracas, Venezuela: Editora Planeta Venezolana, 2006, 248 p.

Tal disposição deveu-se ao fato de ter afirmado que era fã da liderança do PR venezuelano, pois só assim seria possível conseguir tais publicações.

  1. CONHECIMENTOS OBTIDOS OU SEDIMENTADOS PELO GESTOR
  1. O transtorno dos engarrafamentos

A cidade de Caracas é cortada por autopistas, no sentido geral leste – oeste, que já não comportam o intenso tráfego, provocando enormes engarrafamentos, chamados “colas”.Eventos têm que ser planejados com larga margem de horários para deslocamentos em Caracas, em razão das “colas”, fila, na língua local, ou os engarrafamentos (chamados de “trancón” na Colômbia, mas tão demorados quanto).O combustível é barato. Aproximadamente com US$4 se enche um tanque de gasolina. Além de ser barato o veículo popular, o que facilita a posse de carros e aumenta o problema dos deslocamentos urbanos.Uma curiosidade acerca das casas e dos edifícios da cidade de Caracas é que não são numerados, o que dificulta a localização, particularmente à noite.Há um aeroporto militar próximo ao centro, chamado La Carlota, que pode ser utilizado como base para deslocamento por helicóptero até o Aeroporto Internacional “Simón Bolivar”, em Maiquetía, caso haja necessidade por parte de uma autoridade brasileira. Observou-se que todos os altos edifícios em volta do hotel onde se hospedou a comitiva têm heliporto.

  1. Agenda do Presidente Chávez

A inclusão de um evento na agenda presidencial é o que catalisa as ações na Venezuela.Se não houver essa inclusão, a burocracia bolivariana não anda. A visita do MD só constou do protocolo do Palácio Miraflores às 11:30 horas (horário local) do sábado. Só depois disso é que os níveis subordinados começaram a mover-se e a adotar providências.Houve muitas mudanças de última hora. Não há como mudar tal conjuntura. Talvez só com um telefonema do Presidente LULA solicitando. Nada funciona sem que o supremo mandatário determine, mesmo os aspectos mais simples.

  1. Composição do Corpo Diplomático venezuelano

Segundo estatísticas disponíveis, o pessoal do Corpo Diplomático é composto de menos de 30% (trinta por cento) de profissionais de carreira, normalmente nos postos inferiores, o que transforma a política externa chavista num caos.A maioria dos cargos de importância é exercida por amigos do PR ou ex-militares seus aliados, como prêmio, ou por confiança. O General JULIO GARCÍA MONTOYA, Embaixador da Venezuela no Brasil, ex-Comandante-Geral do Exército da Venezuela e amigo pessoal do Presidente Hugo Chávez, é um exemplo disso.

  1. Situação dos Adidos venezuelanos acreditados no Brasil

Boa parte das dificuldades enfrentadas na consumação das negociações bilaterais é devida ao fato de não haver, há tempos, Adidos venezuelanos acreditados no Brasil. O Cnel (EV) ALEJANDRO FELA SOSA, ADIDEX, só se apresentou em 20 Jan 08, quando da partida do suboficial que respondia pela função.Os outros 04 (quatro) Adidos prometidos (Um Gen ADIDEF, ADINAV, ADIAER e ADIDO DA GUARDA NACIONAL) ainda estão por vir.Conforme informação da Divisão de Adidos de Defesa (DAD/DAI/MD), já foram concedidos os beneplácitos para todos.

  1. Popularidade do Presidente Chávez

A devoção que se encontra entre as pessoas do povo, como os taxistas, balconistas, vendedores de livrarias, garçons e outros, é impressionante, comparável àquela que os adeptos da Igreja Maradoniana devotam ao ex-jogador de futebol DIEGO ARMANDO MARADONA, na Argentina. Muitas dessas pessoas simples têm a foto do Presidente Chávez no celular ou a campainha do telefone móvel com o início dos seus discursos, que ostentam com orgulho.O PR costuma cumprimentar pessoas do povo quando chega aos eventos, o que faz com que se irradie uma corrente de fãs, pois esses divulgam que “o Chávez estrechó mis manos” (o Chávez apertou minha mão). É comum ouvir-se falar dele como simplesmente “el Chávez”, ou simplesmente “Chávez” e não “Señor Chávez” ou “Presidente Chávez”, mesmo entre militares de alta patente.O PR é tratado com muita familiaridade, com muita intimidade.Percebe-se que ele domina a Psicologia das Massas, da qual foram mestres Adolf Hitler, Napoleão Bonaparte, Fidel Castro, Júlio César e outros líderes estratégicos.Somente dois estudantes universitários, um de Psicologia e outro de Engenharia, dentre todos os contatos feitos, demonstraram insatisfação com o PR.Os majores da segurança, designados como intérpretes (um por ter feito a EsAO no Brasil anos atrás, outro por ser filho de portugueses, mas que se expressavam num português rudimentar) falavam embevecidos do Supremo Mandatário.Quando tomaram conhecimento da admiração pelo PR (técnica usada em várias ocasiões para abrir portas), providenciaram um CD com o pessoal do Cerimonial do Palácio Miraflores, para presentear o Gestor, intitulado “La Revolución no será Transmitida”, feito por cineastas irlandeses e de divulgação a cargo do Ministério de Comunicação e Informação (MIC). O documentário mostra o fim do golpe de 2002, que chamam de “a mais curta ditadura latino-americana, dentre as 283 (duzentas e oitenta e três) registradas até 2001.”.O PR não usa sequer um ponto no ouvido para falar horas seguidas.Não foi possível detectar quem é o seu mentor, quem sugere os temas de seus longos discursos. Analistas sugerem que seja seu ex-Vice-Presidente, DIOSDALO CABELLO.Uma única rede de TV local o critica, a Globovisión. Nesse canal, há um quadro interessante que mostra, por exemplo, a inauguração de um hospital num certo dia, quando o PR promete que ele durará anos. Uma semana depois, o mesmo hospital é mostrado pela TV totalmente abandonado, sem funcionários de uniforme, sem equipamento médico, sem clínicos, que migraram para outra inauguração, quando se repete a promessa.O quadro se chama “¿Ud. lo vió?” (“Você viu?”).

  1. Comemorações alusivas ao retorno do PR Chávez após o golpe de 2002

São realizadas de 11 a 13 de abril. Coincidiram com a chegada do Gestor.

Nessas ocasiões, o País pára por três dias, em comemoração ao retorno, após o golpe de 2002. Os serviços ficam muito difíceis de serem contratados, mesmo pagando-se mais.Os chavistas consideram os festejos algo assim como o dia “20 de Setembro” para os gaúchos, ou como a Páscoa para os católicos. Ouve-se até chavistas falando em “Ressurreição” no dia 13 de abril de 2002.Na introdução do livro editado em Cuba, de Rosa Miriam ELIZALDE e de Luiz BÁEZ, “Chávez Nuestro”, os autores mostram uma versão do “Pai Nosso” entregue em 1992 por um cidadão de Caracas anônimo a Hugo Chávez, na prisão de San Carlos, pouco depois que o líder venezuelano foi preso:Oración al Chávez NuestroChávez nuestro que está en la cárcel,Santificado sea tu golpe,Venga (vengar) a nosotros, tu pueblo,hágase tu voluntad,La de Venezuela,la de tu ejército,Danos hoy la confianza ya perdida,Y no perdones a los traidores,así como tampoco perdonaremosa los que te aprehendieron.Sálvanos de tanta corrupcióny líbranos de Carlos Andrés Perez.Amén

  1. Envolvimento da família do ADIDEF para compensar problema de conjuntura

Uma providência simples, como a entrega de um buquê de flores para a esposa do embaixador (que é também a Cônsul-Geral do Brasil na Venezuela), em nome do MD, é muito complicada no período das comemorações do retorno do PR Chávez.Naquela data, a Sra. Angélica, esposa do Cel PAIVA, ADIDEF, teve que comprá-las, mantê-las frescas por mais de um dia antes e entregá-las pessoalmente na residência do Embaixador, a fim de que fosse cumprida a missão.Na mesma ocasião, o ADIDEF apoiava escala de vôo vindo do Haiti, com mais de 20 (vinte) militares a bordo, dentre os quais 04 (quatro) Oficiais Generais.Sem o envolvimento de todos os brasileiros e a ajuda a Família, ser-lhe-ia mais complicado preparar a visita.Naquele sábado, os Adidos de Defesa e Aéreo não puderam ir ao Fuerte Tiúna, onde houve solenidade e desfile militar em comemoração ao 13 de Abril, o que teria sido uma excelente oportunidade para que visse de perto armas, mísseis, aeronaves e efetivos.

  1. Peculiaridade do efetivo do pessoal militar e familiares em Caracas

Observou-se que o volume do trabalho dos Adidos aumentou consideravelmente nos últimos tempos, em razão da importância que a Venezuela adquiriu no cenário regional.Há, por essa razão, um fluxo intenso de aeronaves brasileiras, demandando necessidade de apoio constante no aeroporto (plano de vôo, comissária e abastecimento).O Adido Aéreo tem somente 01 (um) auxiliar.Os problemas aumentam nos períodos de crise, como no caso Colômbia X Equador / Venezuela, quando houve um aumento do fluxo de aeronaves e trabalho adicional.A Embaixada brasileira tem estrutura, mas tem suas peculiaridades.A Aditância de Defesa e do Exército, especificamente, apóia aproximadamente 30 (trinta) militares e familiares, que são alunos e instrutores das Escolas Militares mais importantes do País, somente com 01 (um) auxiliarNo caso desses auxiliares, às vezes são designados para missões como prêmio, caso já ocorrido naquele País, por uma folha de serviços excepcional, mas com experiência anterior ou como mecânicos de aeronaves, ou como responsáveis por casa de máquinas ou como integrantes de OM operacionais do Exército. Para a função de auxiliar de Adido, é conveniente o efetivo conhecimento do idioma e experiência em administração de pessoal e em informática, a fim de contribuir com o trabalho dos Adidos de forma mais eficiente.

  1. Domínio do idioma espanhol para os participantes da missão

O domínio do idioma local facilita na hora das ligações, até no que concerne ao preço de um café da manhã num hotel.Na Venezuela, há um fator complicador, pois existem pessoas que afirmam que não falam o castelhano, mas o “venezolano”, que tem as suas características locais, difíceis de serem entendidas por quem não tem fluência em espanhol.

  1. Cancelamento recente do carnê diplomático para militares brasileiros no exterior

Seguem-se algumas dificuldades que estão sendo encontradas pelos militares que não possuem Carnê Diplomático, conforme relato de um dos alunos brasileiros.Até 2006, todos os militares que estavam na Venezuela realizando curso na Escola Superior de Guerra do Exercito da Venezuela (ESGE) e no Instituto de Altos Estudos de Defesa Nacional (IAEDEN) ou atuando como instrutor na Academia Militar e na Escola de Equitação possuíam carnê diplomático. A situação mudou a partir de 2007 e tem causado alguns incômodos e problemas:1) O primeiro problema que o militar se depara ao chegar à Venezuela é com o desembaraço alfandegário de sua mudança, pois caso não tenha o carnê diplomático é obrigado a pagar uma taxa de importação sobre o valor declarado que é de cerca de 25%. Para reduzir os custos, ao chegar à Venezuela, se é obrigado a realizar nova declaração com valor muito menor (até 1/30) do valor declarado no Brasil. O mesmo problema poderá ocorrer ao final da missão se as autoridades venezuelanas considerarem que os militares brasileiros “estão exportando” seus bens pessoais;2) Para matricular os jovens em colégio de Ensino Médio da Venezuela, onde normalmente os brasileiros põem seus filhos, a Instituição exige o carnê diplomático. Depois de meses, se não for apresentado o carnê, as escolas sequer respondem aos pedidos;3) Para alugar um imóvel o militar é obrigado, pela Lei do país, a realizar um contrato de, no mínimo, 1 (um) ano, como se fosse cidadão comum, sem uma cláusula que o ampare em caso de ter que sair do país por problemas diplomáticos. Alguns proprietários aceitam a inclusão da “clausula diplomática” que permite não ter que pagar o restante do aluguel em caso de ter que retornar oficialmente ao Brasil antes do previsto. Quando não aceitam, o militar fica totalmente desamparado no caso de alteração na política externa da Venezuela em relação ao Brasil. Já houve situação de militar brasileiro ter que sair do país em função de decisões políticas, como foi o caso da Conferência dos Exércitos Americanos (CEA). Caso o militar não tenha a “cláusula diplomática” ou o carnê diplomático que o ampare e deixe de cumprir o contrato, poderá ser processado pela Justiça do país como se fosse cidadão comum;4) No país há um grande controle das divisas em dólar e muitas pessoas estão sendo acionadas pelos órgãos fiscalizadores para dar explicações de seus gastos, mesmo não os tendo realizado. Como os militares e seus familiares estão vinculados ao sistema bancário da Venezuela, sem o carnê diplomático padecem dos mesmos problemas do cidadão comum venezuelano e podem ser acionados pelos órgãos do governo, ficando em situação difícil;5) O trânsito na Venezuela é caótico e as pessoas estão sempre muito irritadas, resultando em ações extremadas contra a integridade física das pessoas. Situações envolvendo agressões são constantes no trânsito de Caracas e os militares e seus familiares ficam na mesma situação de um cidadão comum venezuelano;6) Alguns órgãos públicos exigem o carnê diplomático para resolver problemas no país, como é o caso do Ministério da Educação e do Instituto Nacional de Trânsito e Transporte Terrestre (INTTT). No caso do INTTT, o órgão não considera o passaporte para transferência de documento de carro usado e, como não há o carnê diplomático, exige o reconhecimento da residência do militar por um órgão púbico venezuelano. No caso do Ministério da Educação, sem carnê, o processo de equivalência de estudos fica parado, e se criam obstáculos, o que prejudica a matrícula dos filhos dos militares no Ensino Médio e na Universidade.7) Existem vários serviços que são prestados pela Embaixada do Brasil e que não estão acessíveis aos militares sem carnê diplomático como, por exemplo: tramitação de vistos para outros países, transferência de domínio de carros particulares e outros, via MRE venezuelano.8) A tudo isso pode ser somado o problema da conversão dos valores dos bens adquiridos e depois vendidos no país, por ocasião do final da missão, de bolívares fortes para dólar, o que só é permitido para quem possui o carnê diplomático.Tal fato dificulta a solução dos problemas, faz os brasileiros perderem tempo e deixa-os apreensivos. A garantia institucional do carnê diplomático traria segurança a todos.

  1. OUTRAS INFORMAÇÕES E SUGESTÕES
  1. Seria importante que estas visitas fossem aproveitadas pelos gestores para conhecer melhor o ambiente do País, permanecendo mais um dia, para visitar órgãos públicos e estreitar laços com aqueles que normalmente são designados para apoiar uma Visita do Ministro da Defesa.
  2. Recorda-se que há uma viagem mensal do Correio Aéreo Nacional (CAN) à Colômbia e à Venezuela que pode ser aproveitada para essa necessidade de conhecer o ambiente.
  3. O SPEAI determinou, ao fim da viagem, que o DAI comprasse gravadores, inclusive ocultos, para facilitar o registro de reuniões do Min Def com autoridades locais.
  4. Pagam-se BF$115 (cento e quinze bolívares fortes) de taxa de embarque no retorno. US$1 = BF$2,15 (Câmbio Oficial Fixo).
  5. Seria conveniente haver uma agência ou uma sessão do MD, ligada às Forças, para cuidar de dificuldades e outros negócios relativos a militares em missão no exterior, como o caso do carnê diplomático dos brasileiros na Venezuela.
  6. A amizade do Embaixador Simões com o Presidente Chávez facilitou os contatos para inclusão na agenda da visita. Porém, como interlocutor principal do Brasil no País, não usou sua influência para pôr o Gestor na audiência com o Presidente, cujo registro seria a parte principal desse relatório, mas não pôde ser feito. Sequer o Ch Gab Min Def e o Min representante do MRE foram admitidos, o que poderia ser modificado, em princípio, com um pedido daquela autoridade.
  7. A dedicação e o empenho do ADIDEF e de sua Família, para cumprir tudo o que lhe foi solicitado, mesmo com as dificuldades conjunturais e levando-se em consideração o pouco tempo na função e a desorganização e a improvisação bolivarianas, foram notórios e fatores de êxito. Seria interessante que seu profissionalismo fosse lembrado quando da indicação para uma medalha do Ministério da Defesa.
  8. Em razão do acúmulo de trabalho nas Aditâncias militares em Caracas, sugere-se verificar a possibilidade de designar mais 01 (um) auxiliar para o ADIDEF e mais 01 (um) auxiliar para o ADIAER, selecionando-os por domínio do idioma e por facilidade para gerir negócios de pessoal, além de seus outros méritos profissionais.
  1. CONCLUSÃO

A preparação e o acompanhamento a uma visita do Ministro da Defesa a um País amigo é plena de aquisição de conhecimentos e de bagagem profissional, tanto para os Gestores quanto para os Analistas de Inteligência. A visita é uma ferramenta excelente para analistas, principalmente pelas oportunidades de contato pessoal, coordenação, coleta de dados e conhecimento do ambiente operacional que possibilita.A possibilidade de o Gestor Internacional ir ao país antes da visita do Min Def é vital para checar in loco as solicitações, para antecipar dificuldades e, principalmente, para conhecer o ambiente do País no qual tem necessidade de conhecer para assessorar.As viagens podem ser aproveitadas para facilitar as ligações de outros setores do Ministério, como foi o caso da reaproximação do EMD com a Dirección de Inteligencia do MD venezuelano, por intermédio da visita ao General Fuentes, que resultará, provavelmente, na reativação da Bilateral de Defesa, que não ocorre desde 2001.Percebe-se que pela atenção e pelo aparato proporcionado à comitiva brasileira, o Governo venezuelano considera importante o tema principal da visita.A pretendida ampliação dos intercâmbios, cursos, operações e demais atividades militares passa por uma dificuldade básica, que independe da vontade dos Adidos militares, que é a incapacidade constantemente demonstrada pelo Ministério da Defesa e pelos componentes da FAN da VENEZUELA em processar e responder a tempo aos compromissos, acordos e até às solicitações efetuadas por eles mesmos.A criação do CSD certamente encontrará amplo apoio do Presidente CHÁVEZ, o que significa dizer que nenhuma autoridade civil ou militar da ativa na Venezuela irá se manifestar contra, assim como se pode contar com a provável concordância dos seus parceiros internacionais dependentes financeiros.Entretanto, também não há dúvidas de que O Presidente Chávez envidará todos os esforços para que esse Conselho seja o passo intermediário para a criação de uma Força Militar nos moldes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), porém como instrumento de afronta ao seu desafeto “Império americano”.Brasília-DF, 07 de maio de 2008.VALTIR DE SOUSATen Cel CavAnalista do Departamento de Inteligência Estratégica (DIE)

  1. OBSERVAÇÕES DO CHEFE DA DIVISÃO

De acordo. Encaminhe ao DIE:Brasília, 07 de maio de 2008.OZAEL TEODOSIO DE MELO – Cel EngChefe da Divisão de Inteligência (DI)

  1. DECISÃO OU OBSERVAÇÕES DO DIRETOR DO DIE

De acordo. Encaminhe-se ao SPEAI.Brasília, 07 de maio de 2008.Gen Div CARLOS ROBERTO TERRA AMARALDiretor do Departamento de Inteligência Estratégica (DIE)

  1. DECISÃO DO SECRETÁRIO DA SPEAI

Aprovo:Brasília, 07 de maio de 2008.Tenente-Brigadeiro do Ar GILBERTO ANTONIO SABOYA BURNIERSecretário de Política, Estratégia e Assuntos Internacionais (SPEAI)