Brasilero que encontró vehículo robado en Santa Cruz vincula a un senador y un diputado

tv_globoEn un reportaje del programa “Fantástico” de la Rede Globo, el ciudadano brasileño Osvaldo Fonseca Filho narró cómo viajó 5.000 kilómetros tras la pista de un auto robado hasta encontrarlo en Santa Cruz de la Sierra (Ver video). En esta ciudad, según cuenta, habría tenido que negociar su devolución con efectivos de policía, además de un senador y un diputado bolivianos, quienes habrían señalado que la movilidad era “un encargo de un coronel de La Paz”. También se enteró de que el vehículo habría sido canjeado por 12 kilos de cocaína.

Homem percorre 5 mil quilômetros em busca de carro roubado

Foi uma aventura de 233 dias que começou num bairro do Rio de Janeiro e termina no subúrbio de uma cidade boliviana. É a saga de um homem indignado que arriscou a vida para recuperar um carro roubado.

Sidney Jorge Batista da Silva é ladrão, especialista no furto de carros importados de luxo, que foi preso com a ajuda de Osvaldo Fonseca Filho, que não é da polícia, é uma vítima. O empresário, dono de uma loja de veículos no Rio de Janeiro, começou uma investigação por conta própria.



“Tudo começou no dia 1º de dezembro. Ele entrou, pegou a chave, furtou o veiculo e foi embora. Comecei a investigar pela internet todas as modalidades de furto do país e todas as modalidades me levavam a uma única pessoa, que era o Sidney Jorge”.

Fotos foram tiradas em uma ação do bandido em São Paulo. Sidney Jorge chega a uma concessionária em um carro de luxo, como se fosse um cliente. Distrai o vendedor e 23 minutos depois, sai calmamente, sem que ninguém imagine que ele está levando a chave de um dos veículos. Retorna às 23h30, arrebenta a porta de vidro e em um minuto, sai com o veículo roubado.

A ficha criminal de Sidney Jorge tem início em 1989. Ele já esteve preso outras oito vezes, sempre pelo mesmo tipo de crime.

Imagens mostram outro furto. Ele entra em um estacionamento rotativo como se fosse dono de um dos carros. Finge que fala ao celular e, em seguida, sai com uma caminhonete de luxo. São 20 anos enganando a polícia de vários estados.

“Nós temos notícia de Santa Catarina, Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais”, aponta o delegado Jairo Magalhães.

Agora, ele está detido na delegacia de roubos e furtos de Curitiba.

Mesmo com Sidney Jorge atrás das grades, Osvaldo não descansou. O bandido negou o roubo e o carro continuava desaparecido.

“Todos os estudos que fiz me levavam para a Bolívia, que era o caminho mais prático, mais certo”.

Por que a Bolívia era o caminho mais certo? A dica veio de um policial de São Paulo que também investigava Sidney Jorge. Segundo agentes, o criminoso fazia parte da quadrilha que mais atravessava carros para o país vizinho.

“Eu falei como que eu vou sozinho para Bolívia, rodar lá? Numa conversa com uma pessoa que tem um parente que é fazendeiro na Bolívia, ele me disse, eu posso ver para o meu primo que mora lá, ver, porque é carro muito difícil. Através dessa pessoa, ele me ligou, falou ó, há dois carros desse aqui”.

“Minha filha mais velha foi me levar no aeroporto e me segurou para que eu não fosse porque era, era não, é muito arriscado”.

O empresário partiu no mesmo dia rumo a Santa Cruz de la Sierra, para encontrar o informante. “Até ali eu estava com muito medo, porque poderia ser um golpe, poderia ser um sequestro, armado para mim. Fomos para um lugar deserto, e de repente ele parou o veículo em uma escuridão e falou precisamos caminhar agora. Quando chegar em um determinado ponto onde está o veiculo, te dou sinal com a mão, você olha para sua esquerda que eu não posso ficar caminhando, não posso ficar parado aqui”.

Oswaldo foi com os policiais até uma oficina onde o carro estava escondido: “Estamos aqui recuperando, felizmente, o carro que foi roubado em dezembro de 2009.

No local, os policiais descobriram que o carro tinha sido roubado por 12 kg de cocaína. O veículo foi levado na hora para uma delegacia da polícia boliviana, mas a recuperação não seria tão simples assim.

“Eles me fizeram uma proposta: se eu tinha interesse em liberar o veículo para trazê-lo para o Brasil. Inclusive eles fariam uma escolta, para trazê-lo de Santa Cruz para Corumbá. Eu disse que tinha, mas perguntei quanto que custaria. Eles falaram dez mil dólares. Mas eu não tinha condições de dar dez mil dólares, e o carro é meu. Ai fizemos um acordo de cinco mil dólares.

Segundo Oswaldo, a negociação tomou outro rumo com a chegada de um deputado e um senador boliviano: “Esses políticos chegaram lá, e falei pronto, não saio daqui hoje, não saio daqui vivo. O policial voltou e disse que teria que devolver meu dinheiro. Quando perguntei porque, ele disse que havia chegado uma ordem para não liberar o seu carro, porque ele é uma encomenda para um coronel de La Paz”.

Oswaldo só conseguiu reverter a situação quando ameaçou contar que estava sendo vítima de extorsão. A viagem entre Santa Cruz de la Sierra e Porto Suarez foi feita com uma escolta de policiais armados, e durou 16 horas. Porto Suarez fica ao lado de Corumbá, no Brasil, na fronteira entre os dois países.

Mas os momentos de tensão não tinham terminado: “Além desta que estava comigo, chegou uma outra equipe que pertence a Porto Suárez, dizendo que eu tinha que acompanhá-los até a delegacia para fazer mais uma liberação para entrar no Brasil. Quando cheguei lá, era a imprensa boliviana que estava esperando para filmar o veículo e os policiais, como se eles que tivessem apreendido o veículo, tivessem fazendo uma parceria com o Brasil para apreender veículos brasileiros e fazê-los voltar para o Brasil”.

A imprensa local noticiou o caso com destaque.

Valeu a pena enfrentar todo esse perigo por um carro que custa R$ 300 mil?

“Se você me perguntasse se eu faria de novo, talvez. Mas é muito difícil, porque causei um transtorno muito grande para minha família. Quando reencontrei minha família foi uma festa”.

Mas ainda faltava um detalhe. Na madrugada de sábado, 21 de agosto. A história chega ao fim. O carro de Osvaldo retorna ao Rio de Janeiro, 263 dias depois do roubo, em um caminhão-cegonha. Foram mais de 6,3 mil horas de agonia para o empresário.

“É uma coisa inacreditável. É um pesadelo que se transformou em um sonho. Acho que vou usar o carro um tempo. Já que o ladrão pode usar, eu que sou o proprietário acho que tenho o direito de curtir um pouquinho o carro”.

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